NEJM:
associação de metformina à rosiglitazona é melhor do que
monoterapia com metformina para controle glicêmico
de pacientes jovens com diabetes mellitus tipo 2
+1
Prevalência: Número de pessoas em determinado grupo ou
população que são portadores de uma doença. Número de casos novos e antigos
desta doença.
Diabetes tipo 2: Condição
caracterizada por altos níveis de glicose causada tanto por graus variáveis de
resistência à insulina quanto por deficiência relativa na secreção de insulina.
O tipo 2 se desenvolve predominantemente em pessoas na fase adulta, mas pode
aparecer em jovens.
Metformina: Medicamento para uso oral no tratamento do
diabetes tipo 2. Reduz a glicemia por reduzir a quantidade de glicose produzida
pelo fígado e ajudando o corpo a responder melhor à insulina produzida pelo
pâncreas. Pertence à classe das biguanidas.
Apesar da alta prevalência de diabetes tipo 2 em jovens, há poucos dados para orientar o
tratamento dessas crianças. O presente trabalho, publicado pelo periódico The
New England Journal of Medicine, estudou o uso da monoterapia com metformina, a associação de metformina à rosiglitazona e o uso de metformina associada a mudanças no estilo de vida. A adição de rosiglitazona à metformina foi superior à monoterapia com a metformina. Já a
intervenção no estilo de vida associada ao uso desta medicação, não se mostrou
vantajosa à monoterapia isolada.
Participaram do estudo 699
jovens, de 10 a 17 anos de idade, diagnosticados com diabetes tipo 2 nos últimos 2 anos, com índice de massa corporal (IMC) médio
situado no percentil 98. Eles foram tratados com metformina (1.000 mg,
duas vezes ao dia) para obter um controle glicêmico com hemoglobina glicada até a medida de 8% ou menos e aleatoriamente designados para a
continuação do tratamento com metformina sozinha, metformina combinada à rosiglitazona (4 mg duas vezes ao dia) ou combinada a um
programa de estilo de vida com foco na perda de peso através de uma alimentação
saudável e a prática regular de atividades físicas. O desfecho primário foi a
perda do controle glicêmico, definido como um nível de hemoglobina glicada de pelo menos 8% por 6 meses ou uma descompensação metabólica
sustentada necessitando de insulinoterapia.
Dos 699 participantes (duração
média de diagnóstico de diabetes tipo 2 de 7,8 meses),
319 (45,6%) atingiram o desfecho primário durante um seguimento médio de 3,86
anos. Taxas de falência foram de 51,7% (120 de 232 participantes), 38,6% (90 de
233), e 46,6% (109 de 234) para a monoterapia com metformina, metformina associada à rosiglitazona e metformina associada a intervenções no estilo de vida, respectivamente. O uso de metformina com rosiglitazona foi superior à metformina
isoladamente (P = 0,006), metformina e intervenção estilo de vida mostraram resultados
intermediários, mas não significativamente diferentes do uso de metformina ou de metformina e rosiglitazona.
Em subanálises, os meninos
apresentaram maior taxa de insucesso do que as meninas (48,2% vs 44,3%). Negros
não hispânicos tiveram a maior taxa de insucesso (52,9%), seguidos por
hispânicos (44,8%), americanos nativos (39,0%) e brancos não hispânicos
(36,9%).
Concluiu-se que a monoterapia com
metformina foi associada a um controle glicêmico mais longo em cerca de metade das
crianças e adolescentes com diabetes tipo 2. A adição
da rosiglitazona, mas não uma intervenção intensiva no estilo de vida, foi
superior à metformina isoladamente.
Por causa de evidências ligando a rosiglitazona, uma tiazolidinediona, a
um aumento do risco de ataques cardíacos e derrames em adultos, o Food and
Drug Administration (FDA) restringiu o seu uso, em setembro de 2010,
recomendando que continuem a testar a medicação. Segundo informam os
cientistas, o uso de tiazolidinedionas "fazia sentido quando estávamos
criando o estudo em 2002. Desde então, tornou-se evidente que existem
preocupações suficientes sobre seus efeitos colaterais e não vamos orientar a
sua recomendação. O estudo atual reflete a necessidade de considerar a
intensificação da terapia nestas crianças e não somente aguardar a terapia
falhar para iniciar outro medicamento. Recomenda-se uma terapia de combinação
precoce de algum tipo, para a maioria das crianças nesta situação. Segundo o
autor do estudo, “uma opção pode ser o início precoce de insulina, embora o ganho de peso e a carga de gerenciamento da administração
deste tipo de tratamento sejam preocupações a serem consideradas”.